O desabafo de um “suíno” brasileiro
Não sei se todos conhecem aquela “parábola” do porco e da
galinha que é muito utilizada no meio empresarial para ilustrar formas de
comprometimento com trabalho e etc.
Para os que não conhecem:
“O porco e a galinha se comprometem com o desjejum
internacional. Ambos têm sua cota de participação. A galinha entra com o fruto
de seu trabalho: O ovo. O ovo é importante para a galinha, pois ele poderia vir
a ser uma nova galinha, porém uma galinha, poedeira ou não, produz o ovo e no dia
seguinte está viva para produzir novos ovos e ela irá viver toda sua vida útil
produzindo ovos. Já o nosso amigo porco contribui com sua própria pele: O
bacon. O bacon é o que faz o desjejum desejável, que me perdoem os apreciadores
de ovos, mas o bacon é a estrela do café-da-manhã internacional. Só que o
comprometimento do porco não é simplesmente o fruto do seu trabalho. Nenhum
porco contribui com o bacon e fica vivo para contribuir com outro bacon um
outro dia. O bacon exige do porco um comprometimento de vida para tal refeição.”
Já pararam pra pensar que muita gente por aí, ilustríssimos
mestres, professores e etc saem fazendo discurso de “suínos” mas na realidade
são “aves”.
Sempre que são exigidos a se comprometer como “porcos” para
o crescimento da Bujinkan no Brasil, saem “cacarejando” o mesmo velho discurso
de sempre:
- “...as coisas estão difíceis e estou meio sem grana...”
- “...estou com poucos alunos...”
- “...tenho outras prioridades...”
Para as “aves” que gostariam de ser “suínos” tenho uma mensagem:
NÃO ESTÁ FÁCIL PRA NINGUÉM!
Vou usar o meu exemplo não por vaidade ou necessidade de
aparecer, mas sim porque sempre acreditei na necessidade de primeiro trabalhar
e depois colher os frutos e tenho trabalhado duro, mas cada dia que passa vejo “engradados
de ovos” sendo exportados e a “produção de bacon” nacional ficando empoeirada sem
a devida atenção.
Não banco o “porco” porque tenho muito dinheiro ou porque as
coisas são fáceis para mim. Até porque se eu tivesse muitos recursos e eles me sobrassem, isso caracterizaria um comprometimento "galináceo". Tenho dado a vida pela arte, pelo menos nos últimos
15 anos (um pouco mais na realidade), por amor real. Amor que é refletido em
ações reais, perseverança contínua e comprometimento.
Sim, tenho viajado ao Japão com frequência! Sim, tenho
buscado contato frequente com grandes Shihans do mundo inteiro (ser shihan não torna alguém grande, mas esses citados são outros "suínos" famosos) e isso não por
que me sobra recursos e sim por que me comprometo com a arte como um verdadeiro “suíno”
deve fazer.
Sei que tanto “ovos” como “bacon” são necessários, mas o
problema está em quando pagamos por “ovos com bacon” e recebemos apenas “o
prato apático de ovos mexidos como refeição”.
O Brasil atualmente tem grandes shihans, alguns oferecem “bacon”
a seus alunos e outros “ovos“. Peço ao leitor dessa crônica que faça uma
autocrítica e aprenda a identificar onde poderá encontrar bons “ovos” e onde
ele poderá saborear um autêntico “bacon” brazuka.